quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O NORTE FLUMINENSE - 09-2013



O GATO COMEU
                                                                        Neumar Monteiro   
                                                                                                                            
               A modernidade acabou com as famílias dispersando os parentes e plantando as sementes do individualismo. Houve um retrocesso do carinho nesses tempos que o gato comeu a cortesia e o amor ao próximo; a solidariedade foi banida da terra em troca da desesperança, descortesia e malabarismo dos incréus que implantam as guerras e as garras das malévolas insanidades. O gato comeu a   língua da verdade e implantou a mentira, doida varrida que proclama as suas misérias ao léu e introduz perniciosos avisos em bocas amaldiçoadas: os arautos do fim do mundo e os que vendem o suor em fronhas que, usadas, limpam a alma do pecado. Canalhice da humanidade e insanidade para tirar proveito dos humildes e pobres analfabetos que acreditam nos mercenários da fé.
           O gato comeu o sonho da bailarina que foi esfaqueada em plena tarde de outono; o carrinho de pipoca foi roubado pelo lanterninha do cinema; a bolsa colorida que enfeitava a menina foi levada pelo ladrão da praça e  ninguém viu nada... O gato comeu a língua.
           O futuro chegou depressa amortecendo a dignidade e alardeando mentiras provocadas pela mídia, conforme falavam os nossos pais; contudo, apareceram novos rumos para o estudo da medicina, advocacia e das ciências em geral favorecendo o mundo inteiro com as técnicas modernas dos computadores; nas áreas da saúde e da televisão e tantos outros tantos que conseguimos alcançar como o espaço sideral no qual o homem aterrissou na lua. Desde então, o mundo vive a glória espacial que, para os antigos, nunca aconteceria.
             Claro está que houve a mudança dos costumes, nem sempre todos, porém, àqueles que eram mais entranhados na consciência universal, como:     
o homem nunca chegaria na lua; a mulher não podia ingressar na Faculdade; também não podia andar sozinha na rua; não trabalhar fora de casa; usar vestido abaixo do joelho e não conversar a sós com homens. Hoje tudo é natural conforme o lugar onde se encontra, ou nos bancos ou nos bares, porém discretamente e com roupas adequadas aos recintos aonde vão... Muito embora, no ano de 2013, as mulheres pecam na vestimenta, assoberbadas e dominadas pela moda que, às vezes, nem lhe fazem jus.                     
               O mundo caminha para o apocalipse e o enredo da humanidade
já caiu no desuso e no escuro forjado pelo mal; quando virá a luz da apoteose fatal? Quando o gato comer o rato com garfo ou colher, carregando a faca no bolso do seu chofer para abrir os olhos da humanidade antes que apoteose final solfeja o solo da eternidade.
              O gato espreguiça no seu leito e o homem, numa corrida sem igual, não consegue deitar seus sonhos no espreguiço das horas. Labuta, labuta, sem saída pela preguiça das horas, que carregam o minúsculo salário aguentando o falatório na oficina. Deitar o corpo na cama só na casa adormecida e esquecida na lembrança. Hoje, agora, o tempo é meu! O que restou da esperança quando criança na vida dorme num passado distante que o gato comeu!... A terra valoriza o chão em que se pisa, sem lembrar a oração e a prece matinal que vem do coração. Antigamente a luz da fé abrilhantava dia e noite, qual palco de esperança que alimentava os corações... Hoje, nesta vida perdida, só restou a saudade de outros tempos e outros dias, já tantos esmaecidos na lembrança.      

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

LIVRO "DEVANEIOS"



RENASCER
              Neumar Monteiro

Pensas em morrer
quando é tão bela a vida,
perdida na voragem
dessa paixão insana !
No sonho a que me entrego
tu és, amor-amigo,
parceiro inseparável
da fantasia humana.

Se morro a cada noite,
revivo a cada dia
naquele breve instante
que olho em teu olhar.
Desnudo, então, meu ser
sedento de alegria
de ver-te, assim, ao longe,
buscando me encontrar.

Que importa para mim
a dança dessas horas
que passam tristemente
se longe estou de ti ?
Sou Fênix que ressurge
à luz de cada  aurora !
      Se o amor muito me fere. . .
Por ele eu renasci.