sábado, 23 de fevereiro de 2013

O NORTE FLUMINENSE - 02 - 2013



                   HOJE JANEIRO / AMANHÃ FEVEREIRO
                                                                          Neumar Monteiro            
                      Já é janeiro de 2013, as datas correm e os homens não enxergam a sua sina; hoje é domingo! E que será ou o que virá para nós aqui da terra? Os dias passam taciturnos, mudos para o futuro e reles para as nossas vidas. Somos os desconhecidos do espaço enquanto não tivermos alcançados outros mundos, outros latifúndios e outros seres além do morro, além de nossos preconceitos... Defeitos inaugurados dentre os primeiros homens. Discórdias sem conta e calendários passando dias inertes na ausência de trabalho para todos; e o futuro avançando beliscando a nossa cara, rindo de nós na ufana Pátria Brasileira na qual o Real é desigual e a comida não cabe num bornal. 
                     Já foi tempo da bonança, gastança e demais enredos. Hoje a vida passa breve no breviário das preces, qual síntese e sinopse, para alcançar o ônibus que segue por caminhos tortuosos. Tudo diferente, tudo igual!... Não se mudou uma vírgula, nem um descaso, não temos tempo de sonhar com anjos e arcanjos nesta terra que corre pendurada no espaço. Vai um dia segue o outro, vai à paz e vem à guerra, o calor, o frio e o calafrio debaixo das cobertas.          
                       Mundo desregrado emporcalhando o Universo que já não faz mais versos e a musa é desbocada: nada de pantanais, trigais e rios cantando nos leitos... Ai, que saudade das tranças esmeradas das crianças! Do areal beira rio e das borboletas coloridas esvoaçantes no ar; dos vestidos das bonecas feitos de chita com laços e dos circos que foram embora levando consigo os palhaços. Ai, meu coração implora, que tudo retorne agora antes que o mundo acabe e que volte, a cada ano, todo encanto de outrora. Mas neste mundo já não cabe amizade sincera, nem a cigarra vadia, nem mesmo a gargalhada de ontem e nem a pipoca da praça que a Adelaide fazia, o tempo passou a borracha.
                        O mundo virou do avesso, muito esperto e muito tenso, se vai da casa ao cinema pode ser esfaqueado, se a roupa está manchada é alvo de zombaria, se lhe falta à dentadura fique calado num canto para não haver alarido, hoje chamado chacota. Tudo mudou de repente: todas as nossas crenças, palavreados, roupas e comidas; valsas não valsadas; dançar a dois é cafonice; vestido só é bonito se mostrar a coxa ou com decote no umbigo. Sei lá o que será da humanidade com tais explícitos atavios! Dança de Santo Guido, pulando numa perna só, trazendo com a brasa a fogueira da sensualidade sem dó!
                       A própria Igreja se cansa de rezar pra todos os santos com fito de abençoar este povo brasileiro transmitindo a cada missa seus conselhos de salvação. E o povo encolhe as orelhas ou vira a cabeça pra trás, não permitindo aos ouvidos conselhos de Amor e Paz.
                     Já é janeiro, amanhã é fevereiro, posto que o tempo corre assim: não espera na estrada e nem ônibus de parada faz parar. Enovela o janeiro ao fevereiro, que já está batendo na porta, porque a vida não espera!... Culpa nossa, culpa nossa!... 
                                                                               

sábado, 16 de fevereiro de 2013

SARAU 16-02-2013






 Aconteceu hoje, 16/02/2013, o primeiro Sarau de tantos outros através de 2013. Os artistas se apresentam cantando ou tocando os seus instrumentos em maviosos sons. Cada um com seu talento, cada um com o seu carinho musical. O 1º aconteceu em minha casa, outros virão se Deus quiser.    

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

LIVRO "DEVANEIOS"



REGRESSO
                                       Neumar Monteiro

Voltei.
A tarde morria
langorosa e mansa.
O perfume dos cravos,
doce lembrança da infância,
esperava-me à beira do caminho !

O riacho corria,
as águas arrepiadas pela brisa.
E os últimos raios de sol
aqueciam meu corpo.
Os meus passos cadenciados
pela sinfonia dos pássaros,
deixavam marcas na poeira do chão !

E eu, pisando a estrada,
não sorria, chorava.
Lágrimas ardentes e saudosas
embaçavam os meus olhos,
olhos de quem muito sofreu !

E contemplei, tristonha,
minha bagagem de sonhos;
Ontem, repleta de esperanças fagueiras,
Hoje, nua de ideais, vazia de ilusões !

Ah ! Os prazeres da vida !
São todos eles como a fumaça!
O vento zombeteiro
da realidade ingrata
os espalha
pelas curvas do caminho.

E o sonhador inconformado,
que foge à realidade,
vê ruir seus castelos,
frágeis moradas dos sonhos...
Vê as quimeras, uma após outra,
soçobrando tragadas pela vida,
e regressa tristonho!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

LIVRO "DEVANEIOS"


MINHA  MÃE
(AINDA E SEMPRE)
                          Neumar Monteiro 

Partiste e eu fiquei.
A saudade a roer-me
e o pranto a torturar-me.
Mas sei que embora
eu não a veja, mãe,
tu estás comigo,
qual anjo tutelar
a encaminhar-me. 

É triste, ó mãe!
a dor que em mim deixaste.
E nos momentos saudosos,
em que choro comovida,
sinto teus braços a embalar-me,
como fazias quando estavas viva. 

Tua lembrança, creia-me,
em tudo ainda mora.
Tua voz sempre em minh’alma ecoa.
E ao lembrar-me, querida,
de como foste boa,
sufoco meu lamentos
e peço a Deus por ti !